O Rapper paulistano Emicida lança uma mixtape ("Emicídio") via Fora do Eixo Discos, e banquinhas dos coletivos Fora do Eixo de todo o Brasil recebem o material inédito. Confira na banquinha do Megafônica durante os eventos!
por Jovem Palerosi
Saiu do forno a segunda mixtape do principal nome do novo rap brasileiro. Ao contrário de um álbum, novamente o formato é a compilação de músicas produzidas em diversos momentos, mas que ganham um significado forte juntas na urgência desta virada de década. Ela dá sequência em grande estilo ao primeiro trabalho lançado no ano passado, "Pra quem ja mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe...",inclusive com sons que não entraram naquele momento, que se juntam a novas idéias, agora contaminadas pelas vivências dos últimos tempos intensos de shows, destaque na mídia especializada e da imersão na sede do Laboratório Fantasma, seu selo e crew.
As faixas são emendadas como em uma história contada em crônicas urbanas narradas por diversos capítulos, alguns mais rancorosos, críticos e ácidos, contrabalanceado por outros momentos de maior tranquilidade, paixão e a busca por uma simplicidade, que ganha beleza no fluxo natural de sua poesia e ritmo. Ele transforma cada flash do dia a dia em música, atualizando seus sentimentos em formato de hinos e trilhas de superação. Retoma diversos elementos e argumentos do gênero, só que agora pelo viés do processo, onde a causa é maior do que a existência, sempre transparecendo a sensação da realidade levada até as últimas consequências, mesmo que auxiliado por citações da cultura de massa e do mundo pop.
Emicídio remete ao universo da batalhas e rinhas de MCs, onde derrubou diversos outros no improviso, mas ao mesmo tempo é uma morte do que ele era até este momento, e seu renascimento. O disco apesar de beber em muitas fontes diferentes, faz novamente uma grande reverência a cultura Rap com muitas histórias que contam sobre os caminhos que percorreu para chegar até aqui. Traz diversas reflexões sobre o papel de sua rima e sobre um sentido maior do trampo, de cada missão, subjetivizando o sentido de fé ao colocar para fora suas paixões, ódios, entre outros sentimentos, na perspectiva de mundo direto do olho do furacão.
Ao mesmo tempo em que vem a sensação de vanguarda, o passado é amplamente relembrado, à partir de suas raízes e referências musicais. Nas letras também cita momentos que viveu ao lado de parceiros, que inclusive participam de diversas músicas, como seu irmão Evandro Fióti, Kamau, DJ Nyack, DJ Will, entre outros amigos que diz tão antigos como seus ideais. E as produções mesclam beats bem agressivos e outras canções mais leves, flertando com com elementos de samba, funky, jazz, rock e até maracatu, através dos trampos de Zegon, Base MC, Nave, Sketter, Casp, Felipe Vassão e Renan Samam.
Um trabalho que consegue ser artesanal e empreendedor em todos os sentidos, desde sua concepção até a distribuição capilarizada por todo o país através da Fora do Eixo Discos, que entra na sintonia em busca de ampliar a visão da nova música brasileira.
Veja também o vídeo da entrevista para o @foradoeixo:
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